A guerra civil no Congo não envolve grupos de fanáticos religiosos; é um conflito motivado por interesses econômicos que já deixou mais de 6 milhões de mortos e milhares de mulheres submetidas a estupros.
“O objetivo desses estupros coletivos era não só ferir as vítimas, mas toda a comunidade, já que todos eram forçados a assistir a tais atos. Como resultado, as pessoas tiveram de fugir de suas aldeias, abandonar suas terras, seus recursos, tudo. Trata-se de uma estratégia eficaz nesse sentido”, comentou Mukwege.
O Hospital Panzi, fundado pelo médico em 1999 em Bukavu, capital da província de Sud-Kivu, atende mais de 3.500 mulheres por ano.
Filho de um pastor, Mukwege destaca sua fé como sua principal inspiração para combater a violência que assola seu país.
Na ocasião, o médico afirmou que a credibilidade do Evangelho no século 21 pode “liberar a graça que recebemos fazendo da Igreja uma luz que ainda brilha neste mundo de trevas, através de nossas lutas pela justiça, verdade, leis, liberdade e dignidade do homem e da mulher”.
O médico cristão dedicou seu prêmio Nobel a mulheres de todo o mundo que foram prejudicadas pela violência.
“Por quase 20 anos tenho testemunhado crimes de guerra cometidos contra mulheres, meninas e até bebês, não só na República Democrática do Congo, mas também em muitos outros países”, disse Mukwege, segundo a Reuters.
“Para as sobreviventes de todo o mundo, gostaria de dizer que, através deste prêmio, o mundo está ouvindo suas vozes e se recusando a permanecer indiferente. O mundo se recusa a ficar de braços cruzados perante o sofrimento de vocês”, completou.
Fonte: Guia-me
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